De acordo com um dos organizadores do projeto, encontro irá ocorrer "no peito e na raça"
Por Emanuella Lima, Lisa Gabriela e Nathália Melo *
Entre os dias 28 e 30 de novembro deste ano, o estado de Alagoas será palco do sétimo encontro da União
Latina da Economia Política da Comunicação e da Cultura. O evento da entidade ocorre a cada dois anos e
reúne em torno de 200 pesquisadores da área de Economia Política da Comunicação (EPC). Apenas este ano,
cerca de 170 propostas de trabalhos para serem apresentados no encontro foram encaminhados à organização
do evento. Dentre os trabalhos selecionados nas áreas afins à Economia Política da Comunicação estão temas
como a ciência da comunicação, a indústria televisiva, a indústria radiofônica e a economia política da internet.
Entenda o que é Economia Política da Comunicação
A EPC é considerada jovem no ambiente científico e busca analisar criticamente a construção do processo
comunicacional. Através da análise científica, a EPC chama atenção para aspectos de interesse comercial das
empresas de comunicação em seus locais de produção de conteúdo, sejam eles programas de televisão ou
rádio, livros e blogs. Portanto, a EPC investiga os meios de comunicação de massa como indústrias que
fabricam produtos culturais onde ocorre a produção de valor de consumo e de apropriação.
Projeto Científico e suas dificuldades
Com os cortes nos gastos públicos, o setor acadêmico sentiu o impacto da falta de investimento no ambiente
científico. No Campus da Universidade Federal de Alagoas (UFAL), por exemplo, o professor de
comunicação Júlio Arantes é responsável pela iniciação de um projeto que analisa as dimensões televisas do
estado com base na Economia Política da Comunicação.
O projeto está em seu segundo ciclo de pesquisas e atualmente conta com dois alunos de jornalismo que estão
dando continuidade ao ciclo anterior. As pesquisas se voltam para a análise de parâmetros televisivos como
programação, funcionamento e mecanismos de aferição de audiência.
Porém, segundo o professor, existe uma grande dificuldade no processo de adquirir informações, e que o
problema não acontece apenas em Alagoas, mas em todo Brasil. Ainda de acordo com ele, serviços que
deveriam estar abertos ao público se tornam grandes vilões para os pesquisadores.
“O acesso aos dados que a pesquisa tentou levantar no primeiro ciclo foram bem complexos, as TV’s não
divulgam os dados de audiência e talvez isso tenha haver com o jogo de marketing. Já os sites são feitos para
dificultar a vida do pesquisador, o que impossibilita a compreensão da estruturação da mídia no Brasil. Outros
elementos dentro da pesquisa também são difíceis de acessar como a audiência dos programas, o faturamento,
quanto determinado programa consegue faturar em termos de venda de publicidade e etc.”.
Júlio ressaltou ainda que fez algumas alterações no projeto, entre elas a renovação dos estudantes por ciclo.
Segundo ele, isto ocorre para que mais alunos tenham acesso ao conteúdo da pesquisa.
A motivação
De acordo com o coordenador da pesquisa, os motivos que permearam a criação do projeto podem ser descritos
como vias de mão dupla: de um lado ela faz parte de um estudo amplo sobre os grupos de mídias em Alagoas
e do outro existe uma tentativa de suprir a falta de bibliografias consolidadas a respeito da televisão no Estado.
“Em Alagoas a gente tem algumas coisas escritas, artigos ou capítulos de livros, mas não temos uma produção
sistematizada e acompanhamento do que se faz na televisão de forma sistemática”, disse ele.
Júlio explica ainda que o objetivo principal do projeto de pesquisa é estudar e construir um panorama da
programação televisiva de Alagoas a partir da observação da produção televisiva no estado, da padronização
de distribuição nas emissoras e das grades de horários.
Evento de divulgação das pesquisas em Alagoas
Durante três dias consecutivos do mês de novembro, um evento de divulgação científica ocorrerá no campus
da Universidade Federal de Alagoas.
Como um dos organizadores, Júlio explica que sua expectativa para o evento é de que além da divulgação
também seja possível ajudar a Universidade a se organizar diante do cenário atual, devido aos últimos cortes
das verbas destinadas para as pesquisas científicas.
Apesar das dificuldades encontradas para a realização do evento, ele vai acontecer no “peito e na raça” como
definiu o próprio professor, que usará uma parte do dinheiro das inscrições para realizar o encontro.
De acordo com ele, a quantidade de trabalhos enviados aumenta a expectativa positiva sobre o evento.
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Júlio Arantes pesquisador cientifico e organizador do evento (Foto: Nathália Melo) |
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Júlio Arantes pesquisador cientifico e organizador do evento (Foto: Nathália Melo) |
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Júlio Arantes pesquisador cientifico e organizador do evento (Foto: Nathália Melo) |