Os projetos levam a música para todas as classes do povo alagoano
Por Débora Siqueira e Esmerino de
Lima
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(Coro Universitário em Penedo.
Foto: Reprodução Facebook)
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O Corufal existe há 45 anos, e foi
criado pelo professor e maestro Benedito Fonseca, com o intuito de disseminar a
cultura musical no estado de Alagoas através da Universidade Federal de Alagoas
(Ufal). Desde sua criação, o Corufal atua no campo cultural do estado levando a
música para todas as classes através de suas apresentações.
Os ensaios do coro ocorrem na sala
Benedito Fonseca, que por sua vez é dentro do Espaço Cultural Salomão de Barros
Lima, na Praça Visconde de Sinimbu, no Centro da cidade de Maceió, onde,
antigamente, funcionava a antiga reitoria da Ufal.
Participam do Corufal tanto alunos da
Universidade como pessoas da comunidade maceioense. No entanto, os alunos que
integram o coro possuem uma bolsa, que é paga para que estes possam frequentar
os ensaios. Já os integrantes da comunidade são voluntários. Muitos destes
participam por orientações médicas, já que a música também funciona como uma
terapia ocupacional, dessa forma o projeto auxilia no tratamento de pessoas com
problemas de depressão.
Um dos projetos de extensão do
Corufal é o Coro Universitário, que foi criado pelo atual coordenador dos coros
com o desígnio de ser um laboratório para os estudantes do curso de música, mas
que qualquer estudante da Ufal, independente do curso, pode participar. Um dos
estudantes do curso de música, e integrante do Corufal e Coro Universitário,
Ayrton Freitas Barbosa Moura (35), disse que acredita que a partir da criação
do Coro Universitário os alunos de canto puderam ter a oportunidade de treinar
a regência e preparar peças para apresentações, coisas que antes só eram feitas
na sala de aula.
O repertório
do Corufal é variado. Composto por músicas eruditas, populares, folclóricas e
regionais. Em geral, o coro prepara um repertório por período, e as músicas
desse repertório são mescladas, de modo que independente da apresentação que o
coro possa fazer, independentemente do local em que for cantar, todas as
pessoas possam desfrutar de boas peças e excelentes arranjos, tanto na música
erudita quanto na popular, de Hendel a Djavan.
Maria das Vitórias (63), professora
de canto pelo departamento de música, é a atual regente do Corufal. Ela
trabalha há mais de 40 anos na área musical com enfoque em corais. “Há eventos
que a universidade promove, e a gente atende à convites especialmente da
universidade, mas também a convites diversos, contanto que sejam feitos com antecedência
para podermos nos preparar. O coro pertence à universidade, e como tal não pode
receber cachê. E para cantarmos em eventos ele precisa ser de cunho cultural,
não cantamos em casamentos, por exemplo.
Para participar do Corufal e Coro
Universitário, a pessoa precisa fazer uma seleção. Esta consiste em cantar uma
música, que é escolhida pelo participante, além de cantar com alguns
integrantes dos coros. Isso ocorre porque alguns dos requisitos para a seleção
são: capacidade para trabalhar em grupo; capacidade de executar o repertório
nos ensaios; assiduidade; produtividade e disciplina.
Coro Ângelus
Há 13 anos
aproximadamente, nascia o Coro Ângelus tocando diversos ritmos musicais, da
música clássica ao popular como Luiz Gonzaga, o Rei do Baião. O objetivo era
apenas animar a liturgia nas missas na paróquia, mas depois o coral foi aperfeiçoando
e recebendo convites para participar de festivais. Os fieis ficavam atentos a
cada apresentação no templo.
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Coro Ângelus presente na festa de São Sebastião na cidade de Ibateguara
(Foto: Reprodução / Facebook)
Com cerca de 25 integrantes, entre
sopranos, contraltos, tenores e baixos, o Ângelus foi formado pelo maestro
Manoel Júnior em 2005. Quando o jovem decidiu montar o coro, que antes era
cantado na Paróquia Nossa Senhora do Perpétuo Socorro, no bairro do Vergel do
Lago, em Maceió. Mas, segundo o maestro Júnior, hoje está na Paróquia São José,
localizada no bairro do Trapiche.
O maestro Manoel Júnior trabalha com
pessoas de várias idades, com trabalhos e religiões diferentes, para ele tem
sido um desafio. “Além disso, existe o trabalho de conseguir a uniformidade
vocal entre tantas pessoas com vozes e timbres diferentes e muitas vezes sem
experiência nenhuma com o canto”, ressalta Júnior.
De acordo com o maestro, ele foi
expulso do seu primeiro coral. Entretanto, daí por diante, resolveu estudar
música por conta própria, para mostrar que não era desafinado. Mas segundo
Júnior, ele não é do tipo que descarta os alunos de primeira.
“Não sou do tipo que descarto de
primeira, porque em um teste vocal existem muitas coisas que podem prejudicar
na audição e fazer com que a pessoa não se saia bem, como nervosismo,
ansiedade... mas sempre dou um período para adaptação da pessoa”, explica o
maestro.
Contudo, o Coro Ângelus é
independente, depende apenas da contribuição mensal que cada participante faz
com uma quantia de R$ 10,00. Também já recebeu diversos convites para
participar de festivais pelo Nordeste e em várias cidades do Brasil, mas por
condições financeiras e sem apoio, não conseguem fazer essas apresentações em
âmbito nacional.
Para o presidente da Federação
Alagoana de Coros (FAC), Ivan Barsand, a música traz a oportunidade de
múltiplas reflexões, fazendo com que o ser humano esqueça as dificuldades da
vida, tendo em vista expressões de amor, paz e alegria. “A canção toca o
coração das pessoas, independente de ritmo e forma. Acima de tudo, a nossa
expressão mais forte é a música, pois ela transforma o ser”, frisou Barsand em
entrevista para o site GazetaWeb.
Tendo em vista, o maestro Júnior sempre
foi fã da música erudita e clássica, porém, ele tem que agradar a todos. Então
passa a cantar todos os estilos musicais.
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Apresentação na Igreja Nossa Senhora de Guadalupe na Barra de São Miguel (Foto: Roossélma Pontes) |
Definição da palavra
“Coro” e onde surgiu
De acordo com a Revista Campo e
Cidade, o Coro é considerado o mais antigo entre os grandes agentes sonoros
coletivos. Nasceu de uma prática coral ligada aos cultos religiosos e às danças
sagradas no antigo Egito e na Mesopotâmia.
Entretanto, o termo Coro é originário
da palavra grega choros, que significa cortejo ou cortejo dançante, indicando
que o canto estava atrelado à dança. O termo também se referia inicialmente ao
espaço reservado a dançarinos e cantores na Grécia antiga. Com o passar do
tempo, a palavra coro associou-se ao canto coletivo.