Acontece nesta terça-feira (13), a partir das 19 horas, no Ser-Afim Espaço Natural, o lançamento do livro Una Isi Kayawa — cura Huni Kuî do Rio Jordão. O trabalho pioneiro reúne o profundo conhecimento das plantas e as práticas medicinais deste povo indígena.

Espalhado pelo estado do Acre, sul do Amazonas e Peru, o povo indígena Huni Kuin sempre encontrou a cura na natureza, graças à sua estreita ligação com a floresta e seu conhecimento milenar das plantas. Cultivadas em jardins medicinais, diferentes espécies tratam enfermidades físicas e espirituais.
Mais de 100 espécies terapêuticas estão agora apresentadas em textos e imagens no recém-lançado “Una Isi Kayawa — Livro da cura Huni Kuî do Rio Jordão” (Editora Dantes, 260 páginas), organizado pelos pajé Agostinho Manduca Mateus Ika Muru e o etnobotânico Alexandre Quinet, pesquisador do Jardim Botânico do Rio. A publicação era um sonho antigo do pajé Manduca, falecido em 2011: perpetuar no registro impresso a cultura medicinal do seu povo, antes restrita à transmissão oral. Fruto de um longo processo, que incluiu cinco expedições ao Rio Jordão (Acre), entrevistas com pajés, coletas e catalogação de material botânico, além de residências de tradutores no Rio de Janeiro, o projeto é uma troca inédita de experiências entre o Centro Nacional de Conservação da Flora do Instituto de Pesquisas Jardim Botânico e os Huni Kuin. Incorpora a aplicação da pesquisa técnico-científica do “homem branco” ao conhecimento das culturas tradicionais dos índios.
O registro das plantas da terapêutica indígena segue uma divisão mítica de quatro grupos (Dau, Inani, Inu, Banu). A apresentação das concepções espirituais dos Huni Kuin (também conhecidos como Kaxinawás) é essencial — para eles, não há uma separação clara entre ciência e religião. A aplicação de ervas é acompanhadas por cantos, e o processo de cura envolve uma intrincada relação com os outros seres vivos.
A ligação do homem com as plantas vem desde os primórdios, quando a busca da cura das doenças estava diretamente relacionada com a crença num poder das potestades na natureza, e, em particular, no mundo vegetal.
A edição do “Livro da cura”, que conta ainda com fotografias de Gabriel Rosa e do artista plástico Ernesto Neto, entre outros, se guia esteticamente pelos cadernos e desenhos dos pajés. Experimenta uma diagramação de janelas e proporções livres e orgânicas, além de usar um papel feito de plástico reciclado, que o torna resistente às condições úmidas da floresta, onde deverá ser distribuído.
Outros conhecimentos

Aproveitando a presença dos representantes da tribo Huni Kuin em Maceió, os participantes terão a oportunidade de participar da oficina de artesanato Huni Kuin com miçangas.
Os Huni Kuin possuem uma vasta cultura material que vai desde a tecelagem em algodão, com tingimento natural, cerâmica e missangas onde são impressos os kenê (desenhos gráficos de seres da floresta), cujo significado está relacionado à coragem, força, poder, sabedoria e proteção. O artesanato se configura como uma das principais fontes de renda das famílias Huni Kuin, devido ao seu belo design tem uma grande aceitação no mercado regional, nacional e internacional.
Serviço
O que: Lançamento do livro Una Isi Kayawa — Livro da cura do povo Huni Kuin do Rio JordãoQuando: 13 de Janeiro, terça-feira, às 19h30
Quanto: Gratuito
Onde: Ser-Afim Espaço Natural (Rua Paulina Maria Mendonça, 141 - Jatiúca)
O que: Oficina de artesanato Huni Kuin com miçangas
Quando: 14 e 15 de Janeiro
Quanto: R$ 100,00
Onde: Ser-Afim Espaço Natural (Rua Paulina Maria Mendonça, 141 - Jatiúca)
Inscrições: moa.amanda@hotmail.com
Fonte: Agência de Notícias Ciência Alagoas, com Ascom
Publicado: 12/01/2015*
Publicado: 12/01/2015*